Neri Geller afirma que seria leviano se atribuísse “qualquer responsabilidade” contra ministros
Vice-líder do governo na Câmara, o petista Bohn Gass “Se tem algum tema com irregularidade, os órgãos [de fiscalização] estão aí trabalhando”, mas ele defendeu que só o chamamento do leilão de arroz ajudou no combate a especulação do preço. Já o ruralista Alceu Moreira afirmou que o “que foi feito com o Neri não é justo”; e que o leilão “cheira a maracutaia” e pediu investigação na Conab.
Por Humberto Azevedo
O ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária, Neri Geller, afirmou nesta terça-feira, 18 de junho, em audiência na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados, que seria leviano se atribuísse “qualquer responsabilidade” contra o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, e o secretário-extraordinário para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do sul, Paulo Pimenta.
Geller foi demitido no último dia 11 de junho, após o governo brasileiro cancelar a aquisição feita pelo leilão realizado no dia 6 e que importaria 263 mil toneladas de arroz para evitar que o preço do produto disparasse nas gôndolas de supermercados. O leilão foi cancelado em virtude de que uma das empresas vencedoras pertence a Robson Almeida de França, ex-assessor de Geller, quando deputado federal, e sócio de Marcello Geller, filho do ex-secretário, em alguns negócios.
“Com relação à participação do Paulo Pimenta, do Paulo Teixeira, do ministro Carlos Fávaro, eu volto a ressaltar aqui, foi uma discussão discutida no âmbito da Casa Civil. Então, não foi fulano, ciclano ou beltrano. Foram ações que foram implementadas pelo gabinete emergencial que foi criado em função das enchentes do Rio Grande do Sul. Eu seria leviano se eu criticasse ou imputasse qualquer responsabilidade ao ministro Fávaro, ou a qualquer um dos ministros”, falou Geller em sua fala derradeira na audiência pública realizada pelo colegiado agrícola que busca debater os estoques públicos e a necessidade de importação de arroz.
CONTROLE INFLACIONÁRIO
Para o vice-líder do governo na Câmara, o deputado Bohn Gass (PT-RS), “se tem algum tema com irregularidade, os órgãos [de fiscalização] estão aí trabalhando”, mas ele defendeu que só o chamamento do leilão de arroz ajudou no combate à especulação do preço e que essa era a meta do governo.
“Leilões, todos os governos fazem. Até é bom que, agora, vêm-se um histórico. O que tem de diferente neste momento? Há uma tentativa de fazer política contra o governo usando de que isso estaria prejudicando os produtores e não está. Isso precisa ficar bem claro! Inclusive, os do Rio Grande do Sul. O que o Lula fez? O Lula disse assim, contra a especulação, anunciou o leilão. O que aconteceu? Num final de semana aqui em Brasília, Neri Geller, baixou de 37 para 27. Perceberam a ação correta do governo?”, perguntou retoricamente o petista gaúcho numa sessão em que governistas e oposicionistas mais discutiram outros temas alheios ao constante da audiência pública.
Por sua vez, o deputado Alceu Moreira (MDB-RS) afirmou que o “que foi feito com o Neri não é justo”. Segundo o ruralista gaúcho, o leilão “cheira a maracutaia” e pediu uma ampla investigação na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
“Com relação ao Neri, eu gostaria de dizer o seguinte pessoal: eu tenho pavor desse ato covarde de pegar um colega do Ministério e soltar do 18º andar sem paraquedas. Vai tu se limpa o meu nome que é sujo? Isso que foi feito com o Neri não é justo. (…) Alguém de nós tem qualquer prova contra o Neri? E o presidente da Conab que assinou o processo? E o Sr. Sílvio Porto, que é lá da minha terra, e não é esta santidade como disseram aqui, já esteve envolvido em outros problemas. O povo da Conab não sabia disto? Claro que sabia! Isso cheira a maracutaia e tem que ser investigado. Mas punição prévia, julgamento prévio, demitir o Neri para se ver livre do processo de uma decisão que foi tomada”, comentou o emedebista – ex-presidente da Frente Parlamentar de apoio à Agropecuária (FPA).