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Luiz Estevão e Paulo Octávio alertam para perigo de desconfiguração do Plano Piloto

Os dois maiores empresários da construção e incorporação do DF concordam sobre o risco que Brasília corre com a aprovação do atual PPCUB

Está prestes a ser votado na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) projeto de lei complementar que prevê mudanças dramáticas no conjunto urbanístico de Brasília tal qual concebido por Lucio Costa e que rendeu à capital federal o título de Patrimônio Cultural da Humanidade.

Com mais de mil páginas, o PPCUB permite alterações substanciais no Plano Piloto, como a criação de um camping com tendas, quiosques e trailers no início da Asa Sul e a mudança na altura de três para 12 andares a poucos metros da Esplanada dos Ministérios.

Entre as modificações autorizadas pelo PPCUB, está também a possibilidade de um ostensivo acréscimo no adensamento de Brasília a partir de decreto expedido pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh) sem que os deputados distritais precisem debater e votar o tema.

A reportagem do Metrópoles ouviu os dois maiores empresários do ramo da construção e incorporação no Distrito Federal sobre o tema. Luiz Estevão e Paulo Octávio são categóricos em apontar que o PPCUB tal qual tramita hoje na Câmara contém grave ameaça à conservação do Conjunto Urbanístico de Brasília.

Veja o que os dois empresários pensam sobre o assunto:

1. Os deputados distritais se preparam para votar nos próximos dias projeto de lei que, embora intitulado como Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília, tem potencial para desfigurar o Plano Piloto tal como foi concebido por Lucio Costa. Qual sua opinião sobre o tema?

Luiz EstevãoSeria uma lástima que uma cidade concebida de forma diferenciada em relação a todas as outras do Brasil fosse desfigurada, igualando-se às degradadas metrópoles brasileiras.

Paulo OctávioComo presidente regional do PSD, partido que ajudou JK a construir Brasília, e pioneiro apaixonado pela capital, vejo com muita preocupação qualquer mudança que possa ferir o tombamento pela Unesco, vitória que nossa cidade obteve em 7 de dezembro de 1987. É preciso a atenção de todos aos parâmetros urbanísticos contidos no PPCUB que podem afetar o futuro das novas gerações, em uma cidade que tem a melhor qualidade de vida do Brasil. O projeto, com mais de mil páginas, chegou na Câmara Legislativa há apenas 60 dias e sabemos que nossos deputados não tiveram tempo suficiente para avaliar profundamente as interferências no plano original de Lucio Costa. É preciso muita cautela para que não se acabe desfigurando uma cidade pensada e planejada.

2. Quais são os pontos do projeto que colocam em risco a concepção urbanística de Brasília, cidade tombada pelo Patrimônio Cultural da Humanidade?

Luiz EstevãoRetirar da população e dos deputados distritais eleitos pelo povo os direitos de analisar e validar, ou não, eventuais propostas de criação de novos lotes e alteração do tamanho dos prédios existentes.

3. Quem se beneficia com a aprovação do PPCUB tal qual o projeto está redigido atualmente?

Luiz EstevãoOs proprietários de lotes e prédios que terão seu potencial de construção aumentado, em alguns casos, em até 4 vezes.

4. A reportagem do Metrópoles tem se debruçado sobre o tema e levantou que a aprovação do PPCUB nas bases em que o projeto foi redigido acrescentaria adensamento de milhares de novos moradores no Plano Piloto. Como seria esta nova Brasília?

Luiz EstevãoO PPCUB prevê acrescentar mais 240 mil moradores ao Plano Piloto, dobrando sua população. A alegação de que o aumento da altura dos prédios barateará o custo dos apartamentos é improcedente, haja vista o exemplo de Camboriú, que tem os prédios mais altos e mais caros do país. Além disso, o trânsito será inviabilizado e a oferta de estacionamento não acompanhará este despropositado aumento.

Paulo Octávio: O Plano Piloto ainda conta com muitas áreas não edificadas e que, se ocupadas, não vão ferir o tombamento. Se o PPCUB seguir com a medida de adensamento populacional prevista pelas reportagens, haverá sensível piora na vida dos brasilienses.

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