Não é fácil dissipar a polarização que tomou conta do país, mas Lula “sabe da dificuldade que seria enfrentar esse cenário”, diz Jerônimo Rodrigues
Em entrevista exclusiva ao portal RDMNews, o governador baiano falou que a estratégia do governo Lula 3 é criar “um ambiente de federação nacional” que contemple governadores e prefeitos de todos os partidos.
Por Humberto Azevedo
As muitas dificuldades dificuldades que a terceira gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vem encontrando em construir uma agenda sem ruídos e propositiva que alavanque o desenvolvimento do país num Congresso Nacional hostil às pautas de bandeiras social-democratas e de vertente de centro-esquerda e mais favorável a pautas conservadoras no campo dos costumes e ultraliberais em matérias econômicas foi o tema da entrevista que a reportagem do portal RDMNews fez nesta última quarta-feira, 12 de junho, com o governador da Bahia – Jerônimo Rodrigues (PT).
Presente na solenidade de posse da nova diretoria do Conselho Nacional do Ministério Público (Conamp) ocorrido na sede da Procuradoria-Geral da República (PGR), o governador baiano falou que a estratégia do governo Lula III nestes primeiros 15 meses de gestão foi o de criar “um ambiente de federação nacional” que contemplasse todos os 27 governadores e os mais de cinco mil prefeitos do país, independentemente de suas filiações políticas e preferências ideológicas.
“Olha, eu acho que o Lula volta muito mais maduro, mais experiente. E assumindo um país com uma situação, digamos assim, de uma divisão muito forte. Isso não seria apenas por uma eleição que nós resolveríamos a situação de unidade num país em torno de um projeto nacional, tanto no campo da economia, da própria política, da infraestrutura do país. Então nós sabíamos, e o Lula muito mais do que a gente sabe da dificuldade que seria enfrentar esse cenário”, iniciou.
“Então a disputa da eleição logo depois do segundo turno, [continuou e continua]. A disputa não se encerra [e não se encerrou]. Então, ele sabe que o país não está e não estava com essa pacificação toda, mas acho que a experiência dele, a condução, por exemplo, da liderança de Jaques Wagner, no Senado, de um grupo de deputados dentro do Congresso, dá um conforto, [em] conjunto dos ministérios. Acho que [isso] ajuda ele a pacificar isso e criar um ambiente muito favorável em torno de nós governadores”, complementou.
PACTO NACIONAL
O gestor baiano falou também que a ideia da terceira gestão do presidente Lula à frente do governo federal, neste primeiro momento, é construir uma espécie de pacto nacional com os demais gestores públicos para retomar o crescimento econômico e o desenvolvimento nacional.
“Na primeira semana de governo, nós já tínhamos nos reunido com ele, não só para o ato do dia 8, mas ele já abriu uma agenda com os governadores e deixou muito claro que não iria separar quem era de tal partido A, B ou C, também com os prefeitos municipais, então ele criou um ambiente de federação nacional muito importante”, frisou.
“A POLÍTICA É DURA”
Jerônimo Rodrigues acentuou que, mesmo em momentos de menor polarização, “a política é dura assim mesmo”. Segundo ele, “a rispidez da política é natural”, então, imagine-se em momentos conturbados em que há um clima de extrema polarização e beligerância no espaço público.
“E o outro elemento que acho que é importante para ajudar essa unidade nacional é a imagem do Brasil fora do país, as idas de Lula para fora do país dá ao país uma certa responsabilidade [e credibilidade internacional]. O Lula chamando a gente para poder construir um ambiente de [um] cenário de união [para passar essa] imagem nacional [e internacional]”, completou.
“NÃO É FÁCIL”
Por fim, o governador baiano, comentou “que não é fácil” e não seria fácil administrar o país logo após a gestão do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL), que, segundo ele, teria apostado em aumentar a polarização política e ideológica entre os brasileiros. Jerônimo avalia que o caldo ao qual o país está assistindo nos diversos embates ocorridos no ambiente do Poder Legislativo é fruto desta polarização.
E, de acordo com ele, a aproximação das eleições que definirão os próximos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal também contribuem para um acirramento ainda mais entre as diversas forças políticas que atuam no Congresso Nacional.
“Eu sei, não é fácil. E agora, por exemplo, a própria construção da sucessão dentro do Congresso acaba tendo, digamos assim, um ambiente elástico, puxado, mas [que acaba sendo] favorável a ajudar na construção do novo presidente do Congresso, do Senado e da Câmara. Acho que [isso] vai ajudar bastante o Lula a conduzir [rumo] a [uma] unidade no país”, encerrou.