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Neri Geller, ex-ministro da Agricultura do governo Dilma, pediu demissão nesta terça momentos antes de ser comunicado que o leilão feito pela Conab para compra de arroz seria cancelado. Um dos filhos de Neri Geller é sócio de uma das empresas que arrematou o leilão e causou suspeitas. Em 2021, durante a pandemia, ele foi cotado a reassumir a pasta na gestão do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro. (Foto: Agência Brasil / EBC)

Após suspeitas de irregularidades, governo anula leilão para compra de arroz importado

Segundo Edegar Pretto, presidente da Conab, um novo leilão será realizado para contratar empresas “com capacidade técnica e financeira”. Governo decidiu importar arroz após as enchentes no RS com objetivo de manter o preço controlado.

 

Por Humberto Azevedo

 

O presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, anunciou nesta terça-feira, 11 de junho, que o governo federal decidiu anular o leilão em que foi feito a compra de arroz importado. Segundo ele, um novo leilão, “mais ajustado”, será realizado, mas que ainda segue sem uma data definida.

A decisão foi tomada após suspeitas de irregularidades no leilão para compra de 263 mil toneladas de arroz realizado na última quinta-feira, 6 de junho.

 

“Pretendemos fazer um novo leilão, quem sabe em outros modelos, para que a gente possa ter as garantias de que vamos contratar empresas que tenham capacidade técnica e financeira […]. A decisão é anular este leilão e proceder um novo mais ajustado, vendo todos os mecanismos possíveis para a gente contratar empresas com capacidade de entregar arroz com qualidade, a preço barato para os consumidores”, declarou Pretto no Palácio do Planalto.

 

Segundo o ministro do Desenvolvimento Agrário (MDA), Paulo Teixeira, o presidente Lula endossou a decisão de anular e convocar um novo leilão. Ele, Pretto e o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, participaram de reunião com Lula antes do anúncio da suspensão.

 

No leilão realizado na semana passada, o preço médio de cada saco de arroz de 5 quilos atingido foi de cerca de R$ 25. Segundo denúncias, empresas sem o histórico de atuação no mercado de cereais participaram do certame e arremataram os lotes.

 

O governo decidiu importar arroz após as enchentes que alagaram 80% dos municípios do Rio Grande do Sul (RS), com o objetivo de manter o preço do produto controlado nas gôndolas dos supermercados.

 

O RS é responsável por 70% da produção nacional de arroz, mas já havia colhido 80% do cereal antes das inundações. A justificativa de acordo com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, decorreu da dificuldade de logística em transportar o arroz colhido no estado para para o restante do país. Segundo o ministro da Agricultura, nenhum atacadista, até aquele momento, tinha “estoques para mais de 15 dias”.

 

FRAGILIDADES

 

Segundo Teixeira e Fávaro, o governo identificou que a maior parte das empresas que participou do leilão tinha “fragilidades” para operar um volume tão grande de arroz e de dinheiro. Fávaro frisou que não houve pagamento pelo produto do leilão anulado.

 

“Ninguém vai pagar sem que o arroz esteja aqui, entregue”, disse o ministro da Agricultura, que prometeu “régua mais alta” no próximo leilão.

 

O edital do novo leilão será feito com auxílio da Controladoria-Geral da União (CGU), da Advocacia-Geral da União (AGU) e da Receita Federal.

 

O governo deseja avaliar antes do pregão se as empresas habilitadas têm condições técnicas e financeiras de executar os contratos. Os ministros explicaram que, no modelo do leilão anulado, o governo soube após o pregão as informações das empresas.

 

“”Não podemos ficar sabendo depois do leilão quem que se habilitou e quem que ganhou”, comentou Fávaro.

 

QUEDA DE SECRETÁRIO

 

Em razão da polêmica em torno do leilão para importação de arroz, o ministro da Agricultura anunciou a saída de Neri Geller do cargo de secretário de Política Agrícola, ex-titular da pasta durante o segundo mandato da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT). Segundo Fávaro, Neri Geller colocou o cargo à disposição do governo e foi exonerado.

 

“Hoje [terça-feira], pela manhã, o secretário Neri Geller me comunicou, fez [uma] ponderação, [de que] quando o filho dele estabeleceu sociedade com esta corretora do Mato Grosso, ele não era secretário de política agrícola. Não há fato que desabone ou que gere qualquer tipo de suspeita, mas que de fato gerou transtorno, e por isso colocou cargo a disposição”, afirmou Carlos Fávaro.

 

Geller, que também é ex-deputado federal, foi um dos nomes ligados ao agronegócio que apoiou Lula na eleição de 2022.

 

Com informações do DataPoder360º e G1.

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