Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, reabre e permite saída de aeronaves
Aeroporto ainda não recebe público, o que só deve fazê-lo no fim do ano. Aviões deixam o terminal para serem revisados em outro local, mas, antes, proprietários firmam documento responsabilizando-se
O Aeroporto Salgado Filho vai, lentamente, voltando à atividade. Em caráter emergencial, donos de aeronaves estão sendo autorizados a retirá-las — mediante a assinatura de um termo de responsabilização junto à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) —, a fim de que possam repará-las em outros locais. No sábado, oito decolagens foram autorizadas, mas 39 aviões continuam no aeroporto de Porto Alegre — alguns sem condições de voar.
Com o aeroporto fechado desde 3 de maio, quando foi inundado por causa das fortes chuvas que provocaram o transbordamento do Lago Guaíba, as decolagens autorizadas pela Anac ocorreram em caráter emergencial e com as aeronaves sem cargas ou passageiros. Esses voos só são realizados se os donos dos aparelhos quiserem retirá-los.
Isso, porém, não representa que o Salgado Filho voltará a operar em breve. Ainda não se tem uma extensão dos danos causados pela enchente, algo que só se conseguirá mensurar depois de testes do solo e da pista.
“Mesmo considerando todo esforço para reabertura do Aeroporto Salgado Filho no menor tempo possível, é imprescindível cumprir os prazos dos testes de sondagens, de cerca de 45 dias”, frisa a Anac, salientando que a concessionária Fraport — que administra o terminal — manteve ações para evitar maiores impactos nas estruturas e para garantir a segurança do lugar.
A Fraport Brasil trabalha com um orçamento próximo de R$ 1 bilhão para a reconstrução e estima que o aeroporto tenha condições de operar no fim do ano. Antes de ser fechado, o Salgado Filho recebia uma média de 130 voos semanais.
Dano estrutural
Mas ainda não se tem a dimensão da tarefa de reabrir o aeroporto, conforme observa o professor Thiago Cicogna, de Engenharia Aeronáutica do Instituto Federal de São Paulo (IFSP). Ele alerta para “danos estruturais” e ressalta que a pista merece atenção especial. “Dificilmente teremos o histórico de uma pista que tenha ficado tanto tempo submersa. Para garantir a segurança operacional, há uma série de protocolos e ações que estão alinhados com normas que são estabelecidas internacionalmente. Não é qualquer material que pode ser utilizado e não é qualquer reparo que pode ser feito”, observa Cicogna.
Ela ressalta que servidores de internet e redes de TI podem ter sido danificados, o que impede as operações em larga escala. Cicogna lembra que toda a infraestrutura — como abastecimento e manuseio de bagagem — só será retomada após a limpeza.
Em 9 de maio, para suprir a interdição do Salgado Filho, uma malha aérea emergencial foi aberta para atender à população gaúcha. Os voos estão operando de outras regiões do Rio Grande do Sul (Caxias do Sul, Santo Ângelo, Passo Fundo, Pelotas, Santa Maria e Uruguaiana), da Base Aérea de Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre, além de três aeroportos em Santa Catarina (Florianópolis, Jaguaruna e Chapecó).