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Brasil bate recorde mundial com o satélite mais antigo do mundo em operação

Por Vicente Delgado   

No dia 09 de fevereiro, o Brasil celebrou um marco histórico na sua jornada espacial: o Satélite de Coleta de Dados (SCD-1), o primeiro satélite totalmente projetado, fabricado, testado e operado no país pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O satélite brasileiro completou 31 anos em órbita. Este feito extraordinário ressalta não apenas o avanço tecnológico do Brasil, mas também a dedicação e competência de centenas de profissionais que contribuíram para o sucesso desse projeto pioneiro.

O SCD-1, lançado em 1991, supera as expectativas de longevidade para um satélite desse tipo. Enquanto a média de vida útil para artefatos similares é significativamente menor, o SCD-1 continua desafiando o tempo, estabelecendo recordes e conquistando novos patamares de durabilidade em órbita.

Considerado um marco na tecnologia espacial brasileira, o SCD-1 foi desenvolvido com um investimento de 150 milhões de dólares, operando em uma órbita circular de 750 km de altitude e 25° de inclinação. Suas dimensões compactas de 1,45 m de altura por 1 m de diâmetro e sua massa de 115 kg escondem uma complexidade técnica admirável para a época.

Brasil bate recorde mundial com o satélite mais antigo do mundo em operação
Equipe do INPE que participou da montagem do satélite SCD-1 no lançador.

O livro “O Brasil Chega ao Espaço: SCD-1 Satélite de Coleta de Dados“, escrito por Fabíola Oliveira, é uma obra fundamental que retrata a trajetória histórica e técnica do SCD-1, o primeiro satélite brasileiro lançado ao espaço. A autora conduz os leitores por uma jornada fascinante que aborda desde o processo de concepção e desenvolvimento do satélite até os desafios enfrentados durante sua operação em órbita. Com base em pesquisas meticulosas e entrevistas com especialistas, o livro oferece insights valiosos sobre a importância e o impacto do SCD-1 no cenário espacial brasileiro, destacando seu papel pioneiro e suas contribuições para o avanço da ciência e tecnologia no país.

O Canal Brasil com Ciência publicou um vídeo de como foi a cerimônia realizada entre funcionários e ex-funcionários do INPE para marcar os 30 anos do lançamento do primeiro satélite brasileiro, o SCD-1.

Os satélites da família SCD, incluindo o SCD-1, fazem parte da Missão de Coleta de Dados, um projeto visionário que busca fornecer ao Brasil dados ambientais diários coletados nas diversas regiões do território nacional. Esse sistema de coleta de dados ambientais baseado em satélites e plataformas de coleta de dados (PCDs) distribuídas pelo país é vital para o monitoramento e compreensão dos fenômenos ambientais que impactam a nação.

O SCD-1 não é apenas um satélite em órbita; é um símbolo do potencial e da capacidade do Brasil no campo da tecnologia espacial. Seu sucesso inspirou novos projetos e parcerias, impulsionando o desenvolvimento tecnológico do país e consolidando sua presença no cenário espacial internacional.

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Ao longo dos anos, o Centro de Rastreio e Controle de Satélites do INPE desempenhou um papel fundamental na operação e manutenção do SCD-1, garantindo seu desempenho e coleta de dados precisa. Com sua sede principal localizada em São José dos Campos, SP, o centro coordena operações vitais que garantem o funcionamento adequado do satélite em órbita. Equipado com tecnologia de ponta e uma equipe altamente qualificada, o centro realiza o rastreamento contínuo do SCD-1, monitorando sua posição, desempenho e integridade dos sistemas a partir das estações terrenas estrategicamente distribuídas em todo o país, incluindo Cuiabá, MT, e Alcântara, MA. Essa infraestrutura complexa e altamente integrada é fundamental para maximizar a eficiência e a utilidade do SCD-1 em sua missão contínua de coleta de dados ambientais, tornando-o uma peça fundamental no arsenal espacial do Brasil.

Parcerias de sucesso

A parceria entre a Agência Nacional de Águas (ANA) e a Agência Espacial Brasileira (AEB), estabelecida em 2012 por meio de um memorando de entendimento, tem como objetivo principal o monitoramento dos rios brasileiros utilizando o Sistema Brasileiro de Coleta de Dados Ambientais. Essa colaboração visa garantir a continuidade e até mesmo a expansão dos serviços oferecidos pelos satélites SCD-1 e SCD-2, beneficiando uma ampla gama de usuários do sistema.

Um Grupo de Trabalho (GT), composto por representantes da ANA, AEB e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), está empenhado na busca por alternativas para a missão de coleta de dados hidrometeorológicos, levando em consideração a realidade atual e visando a otimização dos recursos públicos e da infraestrutura já existente no país.

As discussões realizadas pelo GT estão centradas na viabilidade de uma constelação de satélites de coleta de dados, semelhantes aos SCDs, que sejam compatíveis com as redes de plataformas já implantadas. Esses satélites propostos incluiriam recursos adicionais, como capacidade de propulsão, correção de órbita, processamento e armazenamento de mensagens a bordo, ampliando assim a eficiência e a eficácia do sistema de monitoramento.

O funcionamento do satélite envolve a captação e retransmissão dos sinais emitidos pelas Plataformas de Coleta de Dados (PCDs) distribuídas por todo o território nacional. Os dados coletados são enviados para as estações de recepção e processamento do INPE em Cuiabá (MT) e Alcântara (MA). Voando a uma velocidade de 27.000 km por hora, o SCD-1 completa uma órbita em torno da Terra a cada aproximadamente uma hora e 40 minutos, possibilitando que as estações recebam informações transmitidas pelas PCDs várias vezes ao dia.

Posteriormente, os dados coletados pelo satélite são encaminhados para o INPE Nordeste, localizado em Natal (RN), onde está localizado o Sistema Nacional de Dados Ambientais (SINDA). Este Sistema realiza o processamento e a distribuição das informações aos usuários interessados.

Com uma rede que abrange mais de 1000 plataformas instaladas, o Sistema Brasileiro de Coleta de Dados Ambientais tem desempenhado um papel fundamental ao longo das últimas duas décadas, fornecendo serviços de monitoramento de parâmetros ambientais em regiões remotas de todo o Brasil, de forma contínua e ininterrupta.

O futuro promissor do programa espacial brasileiro

O legado do SCD-1 estende-se para além das fronteiras terrestres, influenciando gerações futuras de cientistas, engenheiros e entusiastas da exploração espacial no Brasil. Com o lançamento do satélite SCD-2 e a frutífera parceria com a China na construção e lançamento dos satélites da família CBERS, o Brasil continua a avançar em direção a novos horizontes no espaço.

Ao alcançar a marca de 31 anos em órbita, o SCD-1 está no caminho para entrar para o livro dos recordes como o satélite mais antigo em funcionamento. Em 17 de junho de 2023, o SCD-1 superou o segundo satélite mais longevo em órbita, estabelecendo um recorde notável. Se continuar em operação até 17 de junho deste ano, o SCD-1 conquistará mais um ano de longevidade, reforçando seu lugar na história da exploração espacial.

Outros satélites antigos

Dois notáveis satélites que se destacam por sua longevidade em órbita são o Vanguard 1 e o Landsat 5. O Vanguard 1, segundo satélite da América, foi desenvolvido pelo Laboratório de Pesquisa Naval dos EUA e lançado em 17 de março de 1958. Apesar de ter cessado suas comunicações com a Terra em 1964, o Vanguard 1 continua em órbita, ultrapassando os 60 anos desde o seu lançamento. Como o mais antigo objeto feito pelo homem ainda em espaço, esse satélite esférico pesando apenas 1,5 kg e com 16,5 centímetros de diâmetro foi pioneiro como a primeira espaçonave movida a energia solar, utilizando seis pequenos painéis para extrair energia. Considerado um marco precursor da NASA, o Vanguard 1 deixou um legado notável na exploração espacial.

O Landsat 5, por sua vez, foi lançado em 1984 pela NASA com a missão de fornecer imagens para aplicações em agricultura, geologia e monitoramento de florestas. Apesar de ter sido projetado para aproximadamente três anos de atividade, o Landsat 5 superou as expectativas ao permanecer em funcionamento por 29 anos, coletando um total impressionante de 2,5 milhões de imagens. Sua operação foi encerrada em 2013 devido a problemas técnicos, mas durante seu tempo em órbita, o Landsat 5 desempenhou um papel crucial na compreensão e monitoramento da Terra, contribuindo significativamente para uma variedade de áreas de estudo e aplicação prática.

Fonte: Agronews

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