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Casal que incriminou jovens já respondeu por ameaça e violência doméstica

Eles acusaram e atacaram a tiros um mototaxista e um estudante na madrugada de segunda-feira (24), na zona norte do Rio

 

 

A cabeleireira Josilene da Silva Souza, 42, e o policial militar da reserva Carlos Alberto de Jesus, 61, que acusaram e atacaram a tiros dois jovens, um mototaxista e um estudante na madrugada de segunda-feira (24), na zona norte do Rio, já responderam na Justiça por ameaça, lesão simples e violência doméstica anos atrás.

Josilene foi alvo de três inquéritos. Em 2009, uma ameaça e uma lesão simples em Duque de Caxias; e, em 2018, uma violência doméstica em Rio das Ostras. Ela também configurou como vítima uma vez, de injúria praticada por um ex-namorado, em 2022, também em Duque de Caxias. O sistema judiciário não identifica a situação processual dos casos atualmente.

Marido de Josilene, o PM tem uma ocorrência no Judiciário fluminense. A investigação teve início com um registro de ameaça em 2014, na delegacia especializada de atendimento à mulher, que evoluiu para um processo por violência doméstica, em 2015, quando o caso foi arquivado.

O casal afirmou à Polícia Civil que o motociclista Thiago Marques Gonçalves, 24, e o estudante Igor Melo de Carvalho, 31, roubaram o celular de Josilene na noite de domingo (23). Duas horas depois do assalto, Josilene afirmou ter reconhecido as roupas de Thiago e de Igor e, na sequência, Carlos disparou duas vezes contra eles.

jovens

Justiça define liberdade para jovens

A Justiça determinou em audiência de custódia, realizada na tarde desta terça-feira (25), a soltura de Thiago e de Igor. Thiago saiu do presídio de Benfica por volta das 15h30. Igor recebeu a notícia no hospital Getúlio Vargas, onde se recupera. Atingido pelas costas, ele perdeu um rim e está internado, com quadro estável.

A promotora Fernanda Bravo sugeriu o relaxamento das prisões afirmando que, inicialmente, havia indícios de autoria de crime, que, depois, ficou enfraquecida. A juíza Rachel Assad da Cunha afirmou que “a vítima [cabeleireira] teria reconhecido os autores pela cor de camisa que utilizavam, mas não foram apreendidos com os custodiados nem a suposta arma do crime nem o telefone celular subtraído”.

O policial deve ser ouvido na 22ª DP (Delegacia de Polícia), na Penha, na manhã de quarta-feira (26). Ele pode responder, entre outros crimes, por tentativa de homicídio. A cabeleireira pode responder, também, por denunciação caluniosa. O caso é investigado pela Polícia Civil e pela Corregedoria da PM.

O que disse o casal que acusou os jovens

A cabeleireira Josilene teve o celular roubado na Penha, zona norte do Rio, às 23h de domingo. De acordo com o boletim de ocorrência, o policial militar da reserva Carlos Alberto de Jesus havia deixado a mulher na rua Irani, na Penha, por volta das 23h e saiu para comprar uma pizza. Quando voltou, ouviu da mulher que ela teve uma pistola apontada contra o rosto e que os assaltantes tinham levado seu celular.

A mulher afirmou para o marido -e depois confirmou na delegacia- que os assaltantes estavam em uma moto azul. Que o motorista estava com uma camiseta preta, e que o comparsa, que foi quem apontou a arma, estava com uma roupa amarela. Duas horas depois, Josilene apontou para o marido dois homens com características semelhantes no mesmo bairro.

Depois de 1h de segunda-feira (24), o PM emparelhou seu carro, um Golf prata, à motocicleta pilotada por Thiago. Igor estava na garupa; ele voltava para casa após ter trabalhado na noite de domingo em uma casa de samba na região.

Josilene e Carlos afirmaram que o PM só atirou porque viu que Igor tentou sacar uma arma. Nem a suposta arma nem o celular roubado de Josilene foram localizados. Os depoimentos foram colhidos pela delegada Lorena Gonçalves Lima Rocha, da 22ª DP (Delegacia de Polícia), na Penha.

O reconhecimento foi feito por fotografias. Nove fotos, de nove homens com características físicas semelhantes, foram colocadas em um papel para que Josilene reconhecesse quem roubou seu celular. Ela reconheceu Thiago como o piloto e Igor como quem puxou seu telefone.

Provas de inocência dos jovens

Thiago e Igor têm provas de que não eram os assaltantes do celular de Josilene. Thiago trabalhava desde as 22h como motorista de aplicativo. Igor, como garçom em uma casa de samba na Penha até 1h. Imagens do circuito interno do estabelecimento mostram ele saindo do local duas horas depois do assalto.

Igor estava com uma camiseta amarela que era, justamente, o uniforme da empresa -onde trabalha aos finais de semana para complementar renda. Thiago tinha carteira registrada como auxiliar de açougueiro até o fim do ano passado. Desde então, passou a alugar uma moto para trabalhar em média 17 horas por dia como motorista de aplicativo.

Thiago e Igor receberam voz de prisão ao serem levados para hospital. O motorista da moto foi conduzido para a Cadeia Pública de Benfica, enquanto o passageiro chegou a ficar acautelado no hospital, acompanhado por dois PMs e sem receber familiares após ser submetido a uma cirurgia. Os policiais ficaram o tempo todo do lado da cama dele até o alvará de soltura ser expedido na tarde de hoje.

Passageiro foi atingido nas costas e perdeu um rim por conta de tiro. Ele está internado no hospital estadual Getúlio Vargas, também na zona norte. O quadro de saúde dele era considerado, até a tarde desta terça-feira, estável. Já o motorista por aplicativo não foi atingido pelo disparo, mas se feriu com a queda da moto.

O que diz a Polícia sobre o caso dos jovens

A Polícia Militar afirmou que, na delegacia, um PM da reserva se apresentou como autor dos disparos. “Sua esposa teria reconhecido o condutor da moto como um dos responsáveis pelo roubo de seu aparelho celular. Um dos homens foi preso, enquanto o ferido permaneceu sob custódia no referido hospital”, afirmou a PM em nota.

A PM informou no início da tarde desta terça-feira que “colabora integralmente com o trabalho de investigação da Polícia Civil” e que “o caso foi encaminhado à Corregedoria da Geral da Polícia Militar”.

Caso foi apresentado da 21ª DP (Delegacia de Polícia), em Bonsucesso. A corporação afirmou que o policial militar reformado e a esposa foram ouvidos. “O condutor da motocicleta se recusou a prestar depoimento, optando por só se manifestar em juízo”, disse.

A investigação está em andamento na 22ª DP, da Penha. Segundo a Polícia Civil, Igor foi ouvido no hospital. “Os agentes buscam imagens de câmeras de segurança e outros elementos que comprovem a real dinâmica dos fatos. Todas as evidências serão analisadas, a fim de apurar a conduta e a responsabilidade de todos os envolvidos, bem como os crimes que possam ter sido praticados”, observou a Polícia Civil em nota.

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