Corredor bioceânico promete impulsionar exportação de carne em MS
Custos menores e caminho mais rápido, o corredor bioceânico vai trazer vantagens ao setor, que ganhará força e competitividade na exportação de produtos como a carne bovina.
Por Humberto Azevedo
O corredor bioceânico vai trazer vantagens ao estado de Mato Grosso do Sul (MS) na exportação de produtos como a carne bovina. De acordo com o vice-diretor do Sindicato das Indústrias de frios, carnes e derivados do estado de Mato Grosso do Sul (Sicadems), Sérgio Capucci, o destino final pode ser os países asiáticos pelo oceano pacífico ou até o próprio mercado sul-americano.
Segundo o dirigente do sindicato patronal, os setores da pecuária e da indústria de processamento ganharão força e competitividade com “este futuro promissor”. Capucci aponta que com custos menores e caminho mais rápido, MS que exporta atualmente 360 mil toneladas de carne bovina ao Chile deverá ampliar esse número. Ele explica que hoje o estado possui três saídas para a exportação: de Ponta Porã até Assunção no Paraguai; pelo estado do Paraná rumo a Argentina e até a integração do Rio Grande do Sul com a Argentina, para chegar ao Chile.
“O principal benefício da Rota Bioceânica para a indústria frigorífica de Mato Grosso do Sul será a ampliação das exportações para o Chile e o Peru. Já para outros mercados globais, a viabilidade econômica dependerá da competitividade dos custos logísticos no novo corredor de exportação”, destaca Capucci.
“O caminho é longo e pode ser encurtado pelo corredor de Porto Murtinho, Carmelo Peralta (Paraguai), Argentina, até chegar em terra chilena. Se o destino ainda for os mercados asiáticos, esta mesma carga vai até os portos chilenos de Antofagasta ou Iquique, para seguir por meio do oceano pacífico. A rota bioceânica é uma realidade com diversas obras espalhadas pelos quatro países. Uma das principais é a ponte binacional, que está com 65% dos trabalhos concluídos”, complementa a assessoria do governador Eduardo Riedel (PSDB).
CORREDOR ESTRATÉGICO
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Na avaliação da Sicadems, o corredor bioceânico pode ser estratégico para encurtar a distância da carne bovina brasileira até mercados da Ásia, como China e Japão. O setor quer analisar o custo do frete rodoviário em comparação ao trajeto até ao Porto de Santos (exportação Ásia e Europa) e já existe um otimismo para exportações de carne com destino ao norte do Chile e ao Peru.
Já o presidente do Sindicato das empresas de transporte rodoviário de cargas de Mato Grosso do Sul (SETCEMS), Cláudio Cavol, revela que a exportação de carne para países asiáticos pelos portos chilenos é praticamente inexistente. Segundo ele, este cenário vai mudar com o novo corredor e ponte binacional. Cavol ainda ressalta a importância de avanços nos trâmites aduaneiros.
“Hoje, a pouca carga destinada ao norte do Chile segue por Santa Catarina, passando por Dionísio Cerqueira (SC) e São Borja (RS), o que aumenta a distância em 700 a 1.000 km em relação à nova saída por Porto Murtinho. (…) Atualmente, os caminhões podem levar de 7 a 8 dias apenas para cruzar Mato Grosso do Sul e o Paraguai, passando por diferentes etapas burocráticas nos dois países. Para que a Rota Bioceânica seja eficaz, é essencial evitar longos períodos de espera nas aduanas”, frisou o dirigente da SETCEMS.
CAPACITAÇÃO
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Dentro deste cenário de preparação, começou a ser ofertada qualificação para motoristas sem experiência em transporte internacional. Outro ponto essencial neste caminho é a infraestrutura das rodovias nos quatro países, que precisam estar preparadas para esta nova realidade.
A expectativa do setor é que o fluxo de transporte aumente de 5% a 10% ao ano, contribuindo diretamente para o crescimento do PIB estadual. Mato Grosso do Sul pode inclusive ganhar um papel de destaque no comércio internacional, sendo um grande corredor de exportação de vários produtos, entre eles a carne. Serão custos e distâncias menores, com acesso a mercados estratégicos.
“O SETLOG pediu a capacitação desses motoristas, preparando-os para atuar nessa nova rota. A UEMS [Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul] ofereceu um curso em Jardim voltado à formação de profissionais de logística para o transporte internacional. A primeira turma já foi formada. (…) É fundamental que a via seja bem sinalizada e que existam estruturas adequadas para os motoristas, como postos de gasolina, restaurantes e suporte logístico ao longo do trajeto”, completou Cavol.
CHINA
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Atualmente os produtos brasileiros exportados para a China navegam mais de 24 mil quilômetros e gastam 54 dias para desembarcar em Shanghai, via Canal do Panamá. Utilizando a nova rota o tempo se reduzirá em 12 dias e 5.479km. Para chegar aos países da Ásia ou Oceania, os navios saem do Porto de Santos, contornam o continente africano ou fazem desvio pelo Canal do Panamá, elevando custos de frete e sujeitos a atrasos devido às condições climáticas. Com a rota bioceânica a meta é reduzir o trajeto em sete mil quilômetros ou até 20 dias no transporte entre Brasil e Ásia.
“O corredor bioceânico passou a ser uma realidade. Os nossos produtos vão seguir a por um caminho mais rápido tanto aos países vizinhos, como ao mercado asiático pelo Oceano Pacífico. Na prática, estamos testemunhando dia após dia, a realização do grande sonho de diferentes gerações, que contribuíram para que este projeto, complexo, ousado e inovador saísse do papel. Teremos um próspero corredor de exportações e importações, a partir da conexão viária entre o Centro-Oeste brasileiro e o Pacífico”, afirmou o governador Eduardo Riedel.
Com informações de assessoria.