Em reunião no fórum econômico mundial, Hélder Barbalho diz que COP-30 é oportunidade para Brasil reafirmar seu protagonismo na transição energética
O governador paraense defendeu regulamentar o mercado de crédito de carbono, uma das marcas do “Acordo de Paris” para manter a floresta amazônica em pé.
Por Humberto Azevedo
Em reunião no fórum econômico mundial, realizado em Davos na Suíça, o governador do Pará, Hélder Barbalho (MDB), afirmou que a 30ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-30), que acontecerá em novembro na cidade de Belém (PA), é a oportunidade para o Brasil reafirmar o seu protagonismo na transição energética que acontece no mundo.
O evento, que começou nesta última segunda-feira, 20, dia em que o velho e novo presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump, tomou posse para voltar a comandar a ainda maior economia do planeta, teve sua agenda um tanto esvaziada. Num de seus primeiros atos como chefe de Estado dos EUA, Trump voltou a retirar seu país do “Acordo de Paris”, que foi afirmado pelo gestor paraense como sendo crucial para ajudar a regulamentar o mercado de crédito de carbono, que é uma das marcas do “Acordo de Paris”, para manter a floresta amazônica em pé.
Participando ao lado de representantes de representantes dos setores público e privado, ligados à agenda ambiental, do fórum econômico mundial, Hélder Barbalho defendeu ainda que o legado da COP-30 a ser realizado numa grande cidade amazônida seja a valorização da floresta Amazônica para garantir através da bioeconomia a preservação da mata como forma efetiva de enfrentar às mudanças climáticas
O fórum econômico mundial reúne diversos líderes empresariais e políticos de todo o mundo para abordar os principais desafios econômicos, incluindo análises e avaliações geopolíticas, como estimular o crescimento para melhorar os padrões de vida e administrar uma transição energética justa e inclusiva.
“Nós estamos trabalhando para que o Brasil, pelo exemplo, possa ter a capacidade de exercer o seu papel de liderança ambiental no planeta, efetivamente, pelas suas condições ambientais, por ter em seu território diversos biomas mas particularmente o destaque do bioma amazônico faz do Brasil uma referência para a agenda climática e nós desejamos que esta COP, com o seu simbolismo, traga a oportunidade da conjugação do debate construtivo envolvendo a ciência, envolvendo as instituições públicas, as companhias e instituições privadas, mas, também, a capacidade de escuta dos povos ancestrais, aos povos tradicionais que habitam na floresta e na Amazônia”, comentou o governador paraense.
OPORTUNIDADE ESTRATÉGICA
Para Barbalho a COP-30, em Belém é uma oportunidade estratégica para deixar um legado para valorização da floresta, construção e fortalecimento da bioeconomia e continuidade da regulamentação do mercado de carbono, o que considerou ser um dos maiores legados do evento.
Ele acrescentou que o evento também dever assegurar “a regulamentação do artigo sexto, que permita com que o mercado de carbono efetivamente possa estar regulamentado e, com isto, possamos estabelecer uma nova commodity global. O mundo busca neutralizar as suas emissões e enxergamos dois pilares. Transação energética para que possamos reduzir as dependências do uso de combustíveis fósseis e valorização da floresta”, avaliou.
“Oportunidades para geração de empregos verdes, produção de pagamento por serviços ambientais, assegurar que a captura do carbono posso assegurar as metas de redução do setor privado e países signatários do acordo de Paris no momento em que Belém permitirá, passado dez anos, que possamos fazer o check list e apontar os novos desafios para as urgências ambientais e encontrar caminhos em equilíbrio das ambições econômicas e os desafios ambientais do planeta”, complementou.
TRANSIÇÃO ENERGÉTICA
O governador defendeu também dois pilares para o alcance da neutralização de emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE): investimentos em transição energética e a valorização da floresta, com destaque para o mercado de carbono e o estímulo à bioeconomia.
“O mundo busca neutralizar suas emissões e enxergamos dois importantes pilares para a busca dessa neutralização: por um lado, os investimentos em transição energética, para que nós possamos reduzir as dependências do uso de combustíveis fósseis e o Brasil se apresenta como importante player com conteúdo através do estímulo e incentivo ao biocombustível, ao SAF (combustível de aviação sustentável, na sigla em inglês), que cada vez mais se mostra como estratégia central nesta transição de combustíveis, a outras matrizes energéticas que reforçam, e o exemplo do Brasil, se utilizar da matriz hidrológica, faz o país ter a autoridade necessária de ter mais de 80% do seu uso de energia renovável”, destacou.
“Por outro lado, o segundo pilar, que é a valorização da floresta. Floresta viva precisa valer mais do que floresta morta e nós entendemos que o mercado de carbono e o incentivo à bioeconomia, através de ciência, conhecimento e pesquisa para o fortalecimento da nossa biodiversidade, pode gerar empregos verdes, produzir pagamento por serviços ambientais, assegurar com que a valorização da captura de carbono possa gerar a grande estratégia compensatória para a busca das metas estabelecidas pelas companhias privadas e pelos setores públicos e países signatários do acordo de Paris, no momento em que Belém permitirá, passados 10 anos, que possamos fazer o check list e apontar os novos desafios para as urgências ambientais, para que possamos encontrar caminhos efetivos que equilibram as condições econômicas e os desafios ambientais do planeta”, disse o governador.
CONSCIÊNCIA AMBIENTAL
Helder Barbalho frisou que a consciência sobre a agenda ambiental é fundamental para a tomada de decisões nos setores público e privado e que a sociedade precisa pautar o mercado e o consumo a partir de práticas sustentáveis.
“Temos que trabalhar em duas frentes: primeiro a consciência da sociedade, de que ela precisa pautar o mercado e pautar consumo para práticas que efetivamente sejam sustentáveis, para que, a partir de um movimento de sociedade, as instituições possam estar adaptadas e adequadas a esta nova realidade. Se não houver pressão, nós não conseguiremos entregar para esta geração, quanto mais para as próximas, o resultado efetivo, e trabalhar as companhias e os governos para que possam impulsionar o financiamento. E a COP 30 tem um papel decisivo de ser a COP da implementação, de fazer com que aquilo que se discute, constrói e busca conscientizar, possa se transformar em efetiva realidade na escala e não apenas que possamos ficar com discursos, com drops e cases de sucesso, e possamos escalar isto na dimensão da necessidade”, complementou.
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
O governador do Pará também lembrou que o estado se destaca no Brasil por oferecer educação ambiental como disciplina na grade de ensino regular, estimulando as próximas gerações.
“No Pará, que será sede da COP 30, hoje, todos os alunos da rede pública de ensino recebem no currículo pedagógico regular aula de educação ambiental, para que, com isso, nós possamos formar os novos cidadãos e possamos, a partir da juventude, implementar dentro das gerações com maior faixa etária essa consciência para a transição comportamental”, disse.
“Nós não podemos desistir. Nós temos que ter consciência de que cada vez mais os eventos climáticos batem às nossas portas, se antigamente era uma discussão que estava intramuros, na pesquisa, nas universidades, nos cientistas, hoje não existe um país do mundo que não esteja sofrendo diretamente a perda de vidas e aqueles que talvez não tenham a sensibilidade com a vida, as perdas econômicas, e nada melhor do que este fórum, que reúne os principais conglomerados econômicos do planeta para compreender que aqueles que não estão sensibilizados com o meio ambiente, possam ter a sensibilidade com os impactos econômicos advindos das crises ambientais”, concluiu Helder Barbalho.
SUSTENTABILIDADE
Hélder Barbalho participou ainda do painel realizado pelo stand do governo brasileiro em Davos, intitulado de “O futuro da sustentabilidade do Brasil”, que debateu diversos temas no fórum econômico mundial como sustentabilidade, transição energética, biotecnologia e o papel do Brasil na nova economia.
De acordo com o governador, caberá ao Brasil exercer o papel de liderança climática através do exemplo, desenvolvendo iniciativas próprias voltadas à sustentabilidade, educação ambiental, fortalecimento da economia verde e desenvolvimento socioeconômico sustentável.
“Pela primeira vez teremos o maior momento de discussão ambiental acontecendo na floresta amazônica, maior floresta tropical do mundo, e certamente é uma oportunidade incrível que as Nações Unidas permitem ao planeta, ao mesmo tempo que permite ao Brasil pode liderar esse momento e esta agenda”, complementou o gestor paraense e presidente do Consórcio interestadual de desenvolvimento sustentável da Amazônia Legal.
Com informações de assessoria.