COP29: setor privado é chave para a transição verde, diz presidente da cúpula
- 13 de novembro de 2024
Os países em desenvolvimento precisam do apoio financeiro do setor privado para avançar em uma economia de baixo carbono. É o que disse Mukhtar Babayev, presidente da COP29 e ministro do Meio Ambiente do Azerbaijão.
Líderes de cerca de 200 países estão reunidos em Baku, capital do Azerbaijão, para discutir uma nova estrutura de financiamento que permita que nações em desenvolvimento reduzam suas emissões e se adaptem ao agravamento de eventos climáticos extremos.

Babayev argumentou que o setor privado precisa complementar os recursos públicos para atender à crescente demanda por financiamento climático, que deve passar de aproximadamente US$ 100 bilhões anuais para até US$ 1 trilhão por ano até 2035.
Financiamento privado para reduzir emissões
Embora a inclusão de fundos privados seja vista como necessária por diversos países em desenvolvimento, organizações da sociedade civil alertam para os riscos desse modelo.
Mariana Paoli, da Christian Aid, enfatizou ao The Guardian que o financiamento governamental é mais eficaz no enfrentamento das mudanças climáticas, pois pode ser oferecido na forma de subsídios, ao contrário do setor privado, que geralmente opera através de empréstimos. Paoli argumenta que “o financiamento privado é guiado pelo lucro e, quase sempre, agrava a crise da dívida em muitos países em desenvolvimento.”
Por outro lado, representantes de pequenas ilhas e países vulneráveis concordam que os fundos privados devem complementar o financiamento público. De acordo com a Aliança dos Pequenos Estados Insulares, o papel do setor privado no financiamento climático precisa ser impulsionado por intervenções específicas de países desenvolvidos, mantendo o foco na transferência direta de recursos públicos.
Consequências econômicas e alerta global na COP29
Simon Stiell, chefe climático da ONU, afirmou que a persistência na utilização de combustíveis fósseis contribuirá para a inflação global, enquanto enfrentar a crise climática poderá ajudar a resolver problemas econômicos.
Segundo ele, “se ao menos dois terços das nações do mundo não puderem reduzir emissões rapidamente, todos os países pagarão um preço alto.” Em uma indireta ao novo governo dos Estados Unidos, Stiell destacou que o financiamento climático não é uma questão de caridade, mas sim um interesse estratégico para todas as nações, incluindo as mais ricas.
A eleição de Donald Trump e o compromisso com o clima

Para cobrir a lacuna financeira, espera-se que o setor privado assuma um papel mais significativo, mas essa mudança é vista com cautela, especialmente por países mais pobres que enfrentam dificuldades para acessar esse tipo de recurso.