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Donald Trump supera Kamala Harris e é eleito presidente dos Estados Unidos

Anúncio oficial da vitória do republicano ocorreu na manhã desta quarta-feira

“Um mandato sem precedentes” foi como Trump definiu o resultado da eleição em seu pronunciamento durante a madrugada, na Flórida, enquanto observava a contagem de votos. Em uma virada expressiva, ele também conquistou o voto popular, com 68 milhões de votos, ultrapassando os 62,9 milhões obtidos pela vice-presidente Kamala Harris, que concorreu pelo Partido Democrata. Este feito marcou a primeira vez que um republicano conquista a maioria do voto popular desde a eleição de George W. Bush, em 2004.

Em um cenário de alta polarização, Trump ampliou sua base entre eleitores negros e latinos, resultado de uma estratégia que visou atrair jovens homens desses grupos demográficos, especialmente na Flórida, onde, pela primeira vez, o condado de Miami-Dade voltou-se para os republicanos. Até mesmo em Nova York, tradicional reduto democrata, o republicano demonstrou um avanço em relação às últimas eleições. O retorno de Trump ao cenário político foi ainda fortalecido pela recuperação do controle do Senado pelos republicanos, que garantiram 51 das 100 cadeiras, um golpe adicional ao Partido Democrata.

Sua vitória representa uma reviravolta histórica, especialmente após o episódio do ataque ao Capitólio em 2021, quando apoiadores, incitados por Trump, tentaram impedir a ratificação da vitória de Joe Biden. Além disso, o ex-presidente enfrentou processos judiciais sem precedentes, incluindo condenações por acusações criminais, algo nunca visto na história dos EUA. Mesmo com tais controvérsias, a resiliência política de Trump o coloca ao lado de Grover Cleveland, único presidente americano a governar em dois mandatos não consecutivos (1885-1889 e 1893-1897). Trump será lembrado, assim, como o 45º e também o 47º presidente dos Estados Unidos.

Na agenda de campanha, Trump retomou suas pautas anti-imigração e de corte de impostos, prometendo a maior deportação em massa da história dos EUA e benefícios fiscais sobre gorjetas e aposentadorias. Além disso, a campanha focou na insatisfação dos americanos com a economia, que enfrentou níveis recordes de inflação durante a gestão Biden. A promessa de Trump de recuperar o poder de compra e reforçar a economia doméstica fortaleceu seu apoio entre eleitores moderados e da classe média.

No cenário global, Trump utilizou o aumento das tensões em regiões como a Europa Oriental e o Oriente Médio como argumento de que o governo Biden havia perdido o controle da política externa. O republicano reafirmou sua boa relação com o presidente russo Vladimir Putin e prometeu buscar um cessar-fogo antes mesmo de sua posse oficial em 20 de janeiro. As declarações acenderam alertas na Europa, especialmente sobre o comprometimento dos EUA com a Otan, a aliança militar ocidental, que Trump já criticou no passado.

O republicano, que sofreu dois supostos atentados neste ano, fortaleceu entre seus apoiadores a imagem de um “destino inevitável”, reforçando seu status de figura quase messiânica entre seus seguidores do movimento “Make America Great Again” (MAGA). Analistas políticos apontavam que uma eventual derrota de Trump poderia oferecer ao Partido Republicano uma chance de se distanciar do trumpismo. No entanto, com a vitória, o futuro do partido parece cada vez mais ligado ao ex-presidente e ao seu movimento populista. Nesse cenário, o jovem senador J.D. Vance, seu vice, desponta como possível herdeiro político, trazendo uma visão conservadora e tradicionalista.

A reeleição de Trump representa uma virada sem precedentes nos Estados Unidos, refletindo um cenário de profundas divisões políticas e sociais. Washington e o mundo se preparam para uma fase de novos desafios e uma política externa que, ao que tudo indica, será marcada pelo isolamento estratégico e pela busca por fortalecimento da influência americana em detrimento das alianças tradicionais.

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