• Home
  • Geral
  • CNJ realiza ação do projeto Mentes Literárias em unidade prisional de São Paulo

CNJ realiza ação do projeto Mentes Literárias em unidade prisional de São Paulo

Da Agência CNJ de Notícias

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) esteve, na última sexta-feira (1º/11), na Penitenciária I José Parada Neto, em Guarulhos (SP), para verificar o desenvolvimento do Projeto Mentes Literárias – da Magia dos Livros à Arte da Escrita, que incentiva a remição de pena pela leitura como prática social educativa no sistema prisional. A iniciativa tem o apoio do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), do Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA), da Secretaria da Administração Penitenciária de São Paulo (SAP), da editora Giostri e da empresa Socializa Brasil e prevê a realização de rodas e oficinas de leitura e escrita em unidades prisionais e Escritórios Sociais, além da qualificação de acervos literários e da estruturação de bibliotecas nesses espaços. A metodologia do projeto inclui encontros quinzenais ou mensais ao longo de seis meses, promovendo a continuidade e o aprofundamento das práticas de leitura.

O supervisor do DM, conselheiro José Rotondano é o idealizador do projeto: acesso à leitura – Foto: G. Dettmar/Ag. CNJ

Na abertura do evento, o supervisor do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas do CNJ, conselheiro José Rotondano, idealizador do projeto, destacou que a ação faz parte de estratégia nacional para garantir o acesso à leitura e outras artes em estabelecimentos prisionais. Ele citou a Resolução CNJ nº 391/21, que coloca a leitura como uma forma de remição da pena. “Sou adepto a um Poder Judiciário moderno, que empreenda ações para as pessoas carentes e vulneráveis. Vejo o Poder Judiciário como um catalizador de ações positivas e hoje é uma demonstração inequívoca de que pensamos nas pessoas que estão privadas de liberdade. A ressocialização é o caminho”, afirmou.

A conselheira do CNJ Renata Gil salientou que o projeto procura expandir a forma de pensar dos reeducandos e gerar a transformação que a sociedade espera. “O que vi hoje foi uma esperança gigantesca. Parabéns ao estado de São Paulo, a essa penitenciária, que trabalham pela melhoria na qualidade de vida das pessoas.”

O corregedor-geral da Justiça de São Paulo, desembargador Francisco Eduardo Loureiro, reforçou que todas as unidades prisionais do estado contam com bibliotecas e que a grande maioria tem salas de leitura. Ele falou sobre o trabalho que já é feito em São Paulo e afirmou que a ação do CNJ complementará as atividades. “Em 2024 tivemos mais de 24 mil resenhas de livros, encaminhadas para análise de remição parcial das penas. (…) O projeto do CNJ agrega mais duas atividades fundamentais. Uma é a de expressão oral e a outra de produção textual, para que o reeducando não apenas faça remição da pena, mas para que possa publicar textos.”

A conselheira Renata Gil também esteve presente ao evento – Foto: G. Dettmar/Ag. CNJ

O secretário adjunto da SAP, coronel Marco Antônio Severo Silva, declarou ser uma honra para São Paulo sediar a concretização do projeto do CNJ. “Isso nos engrandece e nos diz que estamos no caminho certo. Temos ações muito bem-sucedidas. Todos estão aqui porque erraram, mas essas pessoas têm virtudes que levamos em conta e desenvolvemos ações buscando a ressocialização.”

No mesmo sentido, a juíza Rosemunda Barreto Valente, integrante do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário do Tribunal de Justiça da Bahia, abordou o caráter comemorativo do evento. “Estamos reunidos para colher e verificar os frutos do projeto Mentes Literárias. O conselheiro Rotondano percebeu ser este o celeiro propício para fomentar ainda mais as práticas educativas voltadas à literatura e à escrita”, explicou.

Fechando a cerimônia de abertura, o diretor da Penitenciária I José Parada Neto, André Luiz Alves, agradeceu ao CNJ pela confiança e parabenizou os participantes do Mentes Literárias. “Cuidamos de seres humanos. Não podemos esquecer disso. Os integrantes do projeto mereceram estar aqui hoje”, disse, reforçando o bom funcionamento da unidade, que abriga 1,9 mil reeducandos. “Temos 500 detentos em algum curso profissionalizante. Realizamos 27,7 mil empréstimos de livros e temos 250 detentos fazendo remição pela leitura”, apontou.

Também compuseram o dispositivo de honra o supervisor do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário do TJSP, desembargador Gilberto Leme Marcos Garcia; os juízes auxiliares da Presidência do CNJ Edinaldo César Santos Junior e Jônatas dos Santos Andrade; o promotor de Justiça Marcos Bento da Silva; e o presidente da Comissão de Política Criminal e Penitenciária da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção São Paulo, Leandro Lanzellotti de Moraes. Acompanharam o evento a juíza assessora da CGJ Jovanessa Ribeiro Silva Azevedo Pinto, e os juízes da Unidade Regional do Departamento Estadual de Execução Criminal (Deecrim) da 1ª Região Administrativa Judiciária – São Paulo, Helio Narvaez e Adjair de Andrade Cintra.

Atividades

O livro “Assédio – das violação e consequências” foi lançado na sexta-feira (1º/11)- Foto: G. Dettmar/Ag. CNJ

A primeira atividade do dia consistiu em roda de conversa com reeducandos, que debateram o livro “Violência”. Participaram o autor da obra, Fernando Bonassi, e o servidor da Secretaria de Administração Penitenciaria e Ressocialização da Bahia, atualmente colaborador do CNJ, professor Everaldo Carvalho. O grupo discutiu a violência em suas diversas formas e como ela pode ser ressignificada. Também abordaram questões como ética, poder e direitos.

Bonassi destacou que este momento é o que dá sentido à toda produção literária. “Ver na prática a discussão e o impacto do livro faz tudo valer a pena”, afirmou, após uma das pessoas privadas de liberdade dizer do impacto que a literatura causou nele.

Em seguida, o ator Marcelo Galdino conduziu outro grupo, para apresentação musical e leitura de poemas. Foram declamadas quatro poesias escritas pelos próprios reeducandos que colocaram no papel os sentimentos e sensações que a vida reclusa é capaz de gerar. Um deles concluiu a leitura destacando que tudo pode falhar, mas “[…] não é falha a nossa esperança”. O coro ainda entoou as canções “Não Vou me Adaptar” e “É Preciso Saber Viver”.

O lançamento do livro “Assédio – das violações e consequências”, escrito por internos e organizado por Marcelo Galdino e pelo editor da Editora Giostri, Alex Giostri contou com a presença dos 20 reeducandos coautores da obra, distribuída aos presentes, incluindo sessão de autógrafos nas cópias dos exemplares entregues aos familiares e autoridades.

No encerramento, o coral “Cantando a Liberdade” apresentou as músicas “Maria, Maria”, “Versos Simples”, “Deixa a Vida me Levar”, “Quem te viu, quem te vê”, entre outras. O grupo é composto por 200 reeducandos e apoiado pela Fundação “Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel” (Funap).

 

 

  • Compartilhar:

PUBLICIDADE