A qualidade do biodiesel brasileiro

Toda vez que se fala sobre novos aumentos da mistura obrigatória, a questão da qualidade do biodiesel acaba voltando aos holofotes. Tem sido assim desde que o país passou a usar B5 ainda em 2010; dificilmente esse movimento deixará de se repetir num momento em que a Lei do Combustível do Futuro abre caminho para a adoção – mesmo que longínqua – do B25. Não que, ao longo de todos esses anos, a cadeia não tenha avançado com especificações mais rigorosas e planos para um sistema de rastreabilidade que deverá cobrir toda a cadeia. De uns tempos para cá, temos até um número crescente de montadoras que vêm colocando no mercado motores prontos para o uso do B100.

Para entender melhor em que ponto a cadeia se encontra nesse debate, a Conferência BiodieselBR 2024 organizou o painel A qualidade do biodiesel brasileiro: Os próximos passos para a adoção do B25, que teve como debatedores o consultor técnico da Ubrabio, Donato Aranda; o diretor de Tecnologia e Sustentabilidade do Sindipeças, Gábor Deák; e a diretora executiva de Downstream do IBP, Ana Mandelli.

Cadeia longa

“Somos parte de uma cadeia muito longa que vai desde a extração do petróleo até a ponta final nos postos. São muitos elos e muitos agentes que precisam trabalhar de forma muito integrada para não deixar sem abastecimento nenhum dos mais de 5 mil municípios do país”, destacou a representante do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Ana Mandelli, ressaltando que, entre os grandes números do mercado brasileiro – 8º maior produtor de petróleo e 8º mercado consumidor de produtos petrolíferos do mundo – está um que, segundo ela, merece ser sempre celebrado. “Somos o segundo maior produtor de biocombustíveis do planeta. E isso não é pouco!”, disse ao lembrar que há uma cobrança cada vez mais intensa pela transição energética alimentada pela multiplicação de eventos climáticos extremos.

“Só este ano tivemos inundações na Região Sul, uma seca na Região Norte e chuvas intensas que deixaram centenas de milhares de pessoas sem luz em São Paulo”, listou. “Transição energética é algo que precisamos fazer; não é mais uma opção”, prosseguiu a executiva, ressaltando, no entanto, que isso exige saber onde estamos, para onde queremos ir, qual o caminho para chegar lá e qual será o custo desse processo.

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