Reuniões ministeriais e presença do presidente Lula marcam semana decisiva do G20 no Brasil
Com reuniões de alto nível e participação de ministros de Estado dos países do G20, semana de 22 a 26 de julho define o andamento de discussões em torno de temas que serão encaminhados para a Cúpula de Chefes de Estado em novembro
A semana que começa nesta segunda-feira, 22 de julho, e vai até sexta-feira (26) é decisiva para as discussões da presidência brasileira do G20. É o momento em que os Grupos de Trabalho das áreas de Força-Tarefa de Combate à Fome e à Pobreza, Desenvolvimento, Emprego e Finanças darão início às reuniões ministeriais que culminam as discussões e acordos em debate pelos países desde o início de dezembro de 2023.
Nos dias 22 e 23 de julho, ocorre a Reunião Ministerial de Desenvolvimento, que integra a trilha de Sherpas, no Galpão da Cidadania, no Rio de Janeiro. O encontro será presidido pelo ministro Mauro Vieira (Relações Exteriores) e terá a presença dos ministros Simone Tebet (Planejamento e Orçamento), Jader Filho (Cidades) e Anielle Franco (Igualdade Racial).
“A agricultura, a indústria e a geração de energia são setores fundamentais para a nossa economia, que dependem das nossas bacias hidrográficas. Além de políticas públicas eficazes e investimentos robustos em infraestrutura, é necessário implementar programas de educação e conscientização sobre a importância do uso responsável e da preservação dos recursos hídricos”
MAURO VIEIRA
Ministro da Relações Exteriores
Durante a reunião, serão discutidos temas fundamentais da presidência brasileira do G20: a busca da redução das desigualdades no mundo e o acesso a água e saneamento. “Estamos negociando para dar um empurrão na mobilização de recursos e no intercâmbio entre instituições que lidam com ampliação do acesso à água e à rede de saneamento, principalmente para populações pobres. Está sendo negociado também um documento em favor da redução das desigualdades nas suas mais diversas formas, racial, gênero, social, econômica e de forma geral”, frisou o embaixador Mauricio Lyrio, secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Ministério das Relações Exteriores e Sherpa do Brasil no G20.
No discurso de abertura da reunião, nesta segunda-feira (22), o ministro Mauro Vieira frisou que o desenvolvimento sustentável do Brasil está diretamente vinculado à gestão eficiente dos recursos hídricos, e que o país tem buscado cumprir a meta de levar, até 2033, água potável a 99% da população, bem como a coleta e o tratamento de esgoto a 90% da população.
“A agricultura, a indústria e a geração de energia são setores fundamentais para a nossa economia, que dependem das nossas bacias hidrográficas. Além de políticas públicas eficazes e investimentos robustos em infraestrutura, é necessário implementar programas de educação e conscientização sobre a importância do uso responsável e da preservação dos recursos hídricos”, destacou o ministro.
Para Vieira, os desafios são grandes, mas os trabalhos têm rendido frutos. “Acreditamos ser possível construir um Brasil mais justo, saudável e sustentável, com todos trabalhando juntos para garantir acesso a esses recursos essenciais sem deixar ninguém para trás”, finalizou.
ALIANÇA GLOBAL — No dia 24 de julho, acontece a reunião da Força-Tarefa para o pré-lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, com participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A reunião deve formalizar os documentos constitutivos da Aliança e, com isso, possibilitar a adesão dos países interessados. A formação da Aliança é um propósito do presidente Lula, que apresentou a ideia quando o Brasil participou da Cúpula do G20 em Nova Delhi, na Índia, no ano passado.
Durante as reuniões lideradas pela presidência do Brasil no G20, foram estabelecidos, em consenso entre mais de 50 delegações internacionais — incluindo países do grupo, países convidados e organizações internacionais —, os Termos de Referência e Marco de Governança da Aliança, os critérios para a composição da cesta de políticas públicas a ser apoiada pela Aliança e o modelo para as Declarações de Compromisso, que todo membro da Aliança precisará firmar. Em novembro, na Cúpula de líderes do G20, no Rio de Janeiro, a Aliança será lançada efetivamente, com a apresentação dos membros fundadores e a composição da cesta.
Antes da reunião, a partir das 9h, a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) apresenta os dados do SOFI 2024, relatório anual sobre o estado da segurança alimentar e nutrição no mundo. O documento apresentará as atualizações mais recentes sobre fome, segurança alimentar e nutrição ao redor do mundo, incluindo estimativas atualizadas sobre o custo e a acessibilidade de dietas saudáveis.
O tema do relatório “Financiamento para acabar com a fome, a insegurança alimentar e todas as formas de desnutrição” explora os níveis atuais e as lacunas de financiamento para a segurança alimentar e nutrição e fornece orientações sobre opções de financiamento inovadoras para enfrentar os principais fatores que causam a insegurança alimentar e a desnutrição, bem como aborda a transformação dos sistemas agroalimentares necessária para libertar o mundo da fome, da insegurança alimentar e da desnutrição em todas as suas formas até 2030.
EMPREGO — Na cidade de Fortaleza (CE), o GT de Emprego se reúne entre os dias 23 e 26 de julho. O Grupo de Trabalho será um dos primeiros, entre as trilhas de Sherpas e de Finanças, a fechar seu ciclo de debates e concluir o documento de recomendações aos chefes de Estado e Governo do G20.
No dia 25 de julho, serão debatidos a criação de empregos de qualidade e a promoção do trabalho decente, para garantir a inclusão social e eliminar a pobreza e a fome, e a intervenção de Chefes de delegação na criação de empregos de qualidade e na promoção do trabalho decente, para garantir a inclusão social e eliminar a pobreza e a fome.
Já no dia 26, ocorrerão discussões sobre igualdade de gênero e promoção da diversidade no mundo do trabalho, intervenção de Chefes de delegação sobre igualdade de gênero e promoção da diversidade no mundo do trabalho, o uso de tecnologias como um meio de melhorar a qualidade de vida de todos, e a adoção da Declaração de Ministros.
O ministro do Emprego e Trabalho, Luiz Marinho, destacou o intercâmbio e a cooperação entre os países. Ele assegurou que o Brasil está aberto a todas as nações que quiserem investir no país e que os acordos, a cooperação, o intercâmbio, são bem-vindos.
“Queremos que os países do G20 nos ajudem a construir uma visão em relação ao mercado de trabalho que desejamos, com um trabalho de qualidade, um ambiente saudável no trabalho. Estamos falando de salário igual entre homens e mulheres na mesma função, estamos falando de equidade, de combater todo preconceito. Nós queremos chamar atenção e buscar melhorar a distribuição de renda. A maneira assertiva de melhorar a distribuição de renda é pelo mundo do trabalho, vamos debater todos esses temas no G20”, frisou, lembrando que o Brasil alcançou recentemente um índice de desemprego de 7,1% e gerou, no ano passado, mais de 1 milhão de vagas de emprego com carteira assinada.
FINANÇAS — Ainda na semana de 22 a 26 de julho, a cidade do Rio de Janeiro recebe vice-ministros, ministros de Finanças, vice-presidentes e presidentes dos Bancos Centrais das maiores economias do mundo para discussões cruciais da Trilha de Finanças, antes da Cúpula de Líderes, que acontece em novembro.
Na expectativa de consensos importantes, está programada a reunião inédita entre os representantes de 13 grupos de engajamento que fazem parte do G20 Social e que apresentarão propostas de políticas públicas aos representantes de Finanças dos países-membros do fórum. O documento foi preparado por esses grupos e cumpre uma inovação da presidência brasileira de ampliar a participação social nos debates entre as maiores economias do mundo.
Estão previstos debates sobre economia global, mecanismos de financiamento às medidas de combate à crise climática e proteção das florestas tropicais, dívida externa e reforma dos Bancos Multilaterais de Desenvolvimento (MDBs, na sigla em inglês). Haverá ainda discussões sobre cooperação para a criação de um sistema de tributação internacional.
STATES OF THE FUTURE — De segunda até sexta-feira (22 a 26) também será realizado o evento paralelo do G20, “States of the Future”, que reunirá uma coalizão global diversificada, incluindo governos, think-tanks, sociedade civil, academia, setor privado e organismos internacionais, para discutir as capacidades estatais frente aos desafios do século XXI. O objetivo é compartilhar estratégias e práticas inovadoras para transformar os serviços públicos e a governança, integrando tecnologias avançadas e respondendo a crises emergentes.
Organizado pelo BNDES e diversos ministérios, o evento terá programação aberta ao público de segunda a quarta-feira e encontros com organizações da sociedade civil na quinta e sexta-feira.