Avanços tecnológicos do BRICS “desafiam a dominância do G7 em inovação”, diz Dilma em evento do G20
A declaração aconteceu em evento realizado em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e pelos Ministérios da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), pelo Ministério das Relações Exteriores MRE) e pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
Aconteceu nesta segunda-feira, 22 de julho, o primeiro dia do “States of the Future”, evento paralelo dos países que formam as 20 maiores economias do planeta “G20” – que visa descaracterizar a atuação estatal para o século 22. Temas como a ascensão do sul global e a nova ordem multipolar foram os principais destaques. Nele, a ex-presidenta do Brasil e atual presidenta do Banco dos BRICS – Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), afirmou que os avanços tecnológicos do bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul “desafia a dominância do G7 em inovação”.
O evento é uma realização em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), o Ministério das Relações Exteriores (MRE) e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O encontro, além da presença de Dilma Rousseff, contou com nomes como da ex-presidenta chilena Michelle Bachelet, também ex-alta comissária das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos, do presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, e da ministra da Gestão, Esther Dweck.
Dilma ressaltou o “papel decisivo” dos BRICS na geopolítica mundial, “sendo mais importante, do ponto de vista econômico, do que o próprio G7”.
“”Além disso, os avanços tecnológicos de alguns dos países do BRICS […] China, Índia e Rússia, desafiam a dominância do G7 em inovação. (…) Um campo no qual essas nações desafiam a hegemonia ocidental, exemplifica a presidente do NBD, é no desenvolvimento de soluções contra o uso do dólar enquanto arma, como se tornou o SWIFT. É o caso da plataforma mBridge, que articula países da Ásia, do Oriente Médio e da nossa América Latina; da UPI [Unified Payments Interface; Interface de Pagamentos Unificada, em tradução livre], que é uma plataforma baseada na Índia; e o próprio SPFS [Sistema de Transferência de Mensagens Financeiras] da Rússia”, avaliou Dilma Rousseff.
ESTADO NECESSÁRIO
No contexto, Dilma falou também que o “papel do Estado voltou a ser um tema de debates mundo afora” e que o Estado não deve ser nem gigante, ou “mínimo”, como pregam as políticas macroeconômicas neoliberais. e, sim, o Estado necessário para atender as demandas da população.
“O denominado pensamento único que construiu a falsa oposição entre Estado e mercado e impôs ao Sul Global o preconceito contra a atuação do Estado vem sendo questionado pela própria atuação das economias desenvolvidas”, complementou a ex-presidenta brasileira e principal dirigente do NDB que tem sede na chinesa Xangai.
PROTECIONISMO & ELEVAÇÃO DA DÍVIDA
Em sua fala na abertura do evento “States of the Future”, Mercadante destacou a encruzilhada em que o Brasil e o restante da América Latina se encontram. Segundo ele, as políticas de protecionismo comercial e subsídios voltaram a ser o centro das ações dos Estados Unidos, da Europa e da China, que concentraram 73% das políticas industriais ao redor do mundo.
As medidas de protecionismo e subsídios industriais não são o único aspecto desse retorno ao Estado enquanto ator econômico. Nos últimos anos, as economias desenvolvidas têm se baseado em uma “brutal elevação da dívida” como forma de manter o crescimento econômico. A dívida pública dos EUA atingiu os incríveis R$ 188,9 trilhões (US$ 34 trilhões), lembrou Dilma.
“Estamos assistindo um desacoplamento, […] uma fragmentação” entre as economias orientais e ocidentais, afirmou Mercadante. “É o maior deslocamento das cadeias globais de valor. (…) E os países do Sul enfrentam um gigantesco dilema […], que é como se posicionar e como participar desse reordenamento econômico global. […] O Consenso de Washington […] não é mais consenso nem em Washington e, pelo que me consta, nem em Chicago [cidade que nomeia a escola de economia neoliberal mais proeminente dos EUA]”, resumiu o presidente do BNDES.
Segundo Mercadante, o caso norte-americano ainda enfraquece o desenvolvimento dos demais países, uma vez que “sequestra liquidez internacional e atrai uma parte significativa dos recursos internacionais”, que estariam disponíveis para as economias emergentes.
“A mão que deveria ser invisível se transforma na mão mais visível do Estado, praticando uma política industrial ativa e uma clara intervenção, seja na economia doméstica, seja na internacional […] Na realidade, não é que estão chutando a escada. Tem gente querendo derrubar o prédio […] O Estado, para construir um novo futuro, não pode ser o Estado mínimo”, encerrou Mercadante.
Com informações do Sputinik.