ADPF repudia declarações de senador capixaba que chama delegado da PF de “covarde” e “capataz” de Alexandre de Moraes
A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) afirmou, em nota, que “não vai admitir que nenhum delegado ou delegada federal seja covardemente atacado em decorrência” dos seus trabalhos. A “entidade está estudando as medidas judiciais cabíveis” para acionar judicialmente o senador Marcos do Val.
Por Humberto Azevedo
A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) repudiou nesta segunda-feira, 15 de julho, às declarações que o senador Marcos do Val (Podemos-ES) fez no domingo, 14 de julho, nas suas redes sociais, em que chama o delegado da PF, Fábio Shor, de “covarde” e “capataz” do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
Do Val é aquele senador que deu diversas versões de um encontro em teria tido com Alexandre de Moraes, em 2022. Na véspera da posse da 57ª legislatura do Congresso Nacional, em 31 de janeiro de 2023, do Val falou inicialmente à TV Globo que o teor do encontro com Moraes seria para avisá-lo, que teria provas de que o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) tinha um plano para promover um golpe de Estado no país. Posteriormente, ele deu outras cinco versões diferentes. E, ao final, afirmou que estava sob efeitos de remédios e que suas declarações fossem desconsideradas.
“Shor tem invadido residências com mandados de busca e apreensão ilegais, apontando armas na cara de crianças, e confiscando celulares dessas crianças. Essas ações são desumanas e inaceitáveis, e estão sendo realizadas sob a falsa bandeira da Polícia Federal, quando na verdade são ordens diretas de Alexandre de Moraes, com a conivência deste delegado covarde”, escreveu do Val no seu perfil alojado no antigo twitter, atual “X”.
“Quero aproveitar para comunicar à imprensa e ao público em geral que a Polícia Federal está sendo usada indevidamente. Quando se diz que a Polícia Federal determinou, investigou, ou indiciou, na verdade, é Alexandre de Moraes que está por trás, com a anuência do delegado Fábio Alvarez Shor. Este delegado já está na lista do Tribunal Criminal Internacional, e isso não foi por falta de aviso. Sempre alertei que cumprir ordens ilegais é, por si só, uma ilegalidade”, continuou o senador capixaba.
NOTA
Em resposta às declarações do senador, a ADPF afirmou, em nota, que “não vai admitir que nenhum delegado ou delegada federal seja covardemente atacado em decorrência” dos seus trabalhos. E informou que a “entidade está estudando as medidas judiciais cabíveis”.
“A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) repudia veementemente as declarações do senador Marcos Do Val e os ataques sofridos pelo Delegado de Polícia Federal, Fábio Shor, bem como manifesta apoio irrestrito e solidariedade à autoridade policial. A Associação não vai admitir que nenhum Delegado ou Delegada Federal seja covardemente atacado em decorrência da condução da investigação. Os elementos informativos e provas produzidas no inquérito policial devem ser discutidos pela via adequada, ou seja, a judicial, não sendo admitida em hipótese nenhuma a personalização das críticas em redes sociais com objetivo de ferir e expor moralmente o profissional responsável pela condução do inquérito policial. Essa grave conduta pode, inclusive, colocar em risco a vida do Delegado e de sua família”, pontuou o texto do coletivo dos delegados da PF.
“Além de infelizes, os ataques desconsideram a autonomia investigativa do Delegado, que é manifestada na conclusão do inquérito, sendo esse ainda submetido à análise do Ministério Público e a uma decisão final do juízo competente, notadamente em relação as medidas cautelares. A entidade está estudando as medidas judiciais cabíveis e se prontifica a dar todo o apoio necessário ao Delegado Fábio Shor. Reiteramos que a integridade e a dignidade dos Delegados de Polícia Federal devem sempre e incondicionalmente ser preservadas e respeitadas, uma vez que desempenham um papel fundamental na manutenção da justiça e da ordem no nosso país”, finaliza a nota da ADPF.