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Entre as constatações, a pesquisa “Consulta Brasil: o que as crianças e adolescentes têm a dizer sobre o uso das tecnologias da informação e comunicação (TIC)”, divulgada em 2022, aponta que 66% das crianças declararam ter começado a usar redes sociais antes dos 12 anos, inclusive mentindo sobre a idade para ter acesso a um perfil. Por outro lado, apenas metade dos entrevistados informaram que possuem algum acompanhamento dos pais ou responsáveis durante as atividades que fazem na internet. (Foto: Banco de Imagens / Internet)

O que você tem feito para proteger seus filhos dos riscos da internet?

Redes de proteção sólidas e eficazes on e offline ganham peso em um cenário cada vez mais perigoso para crianças e adolescentes.

 

O documentário Childhood 2.0, disponível no YouTube, propôs o seguinte experimento: disparar um cronômetro e acompanhar quanto tempo predadores on-line demorariam para encontrar um perfil falso, recém-criado, de uma criança de 11 anos. O resultado é chocante. Em 26 segundos, a página ganha uma “curtida” de um homem que usa a foto de um pênis à mostra como imagem de perfil.

 

Em um minuto e sete segundos, chega uma mensagem privada e logo em seguida mais duas novas, de outros perfis, perguntando a idade da criança. A caixa de mensagens logo começa a ser bombardeada por mensagens e, em menos de cinco minutos, o perfil recebe uma chamada de vídeo.

 

O experimento mostrou o quão vulneráveis e expostas estão as crianças e adolescentes no ambiente digital. De acordo com dados do TIC Kids Online Brasil 2023, as crianças brasileiras estão se conectando à internet cada vez mais cedo no país. O estudo apontou que uma proporção maior de crianças de até seis anos de idade está acessando a rede e que, atualmente, 95% da população entre 9 e 17 anos é usuária de internet no país, representando uma média de 25 milhões de pessoas. Agora imaginem só esse universo de crianças e adolescentes navegando em um ambiente digital cada vez mais hostil e perigoso.

 

No último domingo, o Fantástico exibiu uma reportagem que mostrou a facilidade no comércio de conteúdos que envolvem exploração sexual infantil em grupos do Telegram e em outras redes sociais. O programa jornalístico simulou algumas negociações para entender como os predadores agem, quais formas eles encontram para acessar esse tipo de conteúdo e como se comunicam.

 

Há desde o assédio a pais e responsáveis pela venda de vídeos, fotos e lives de seus filhos, até a manipulação de fotos e vídeos de crianças comuns, conteúdos que estão hospedados em perfis abertos nas redes sociais, utilizados para distorcer e sexualizar a imagem da criança.

A matéria mostrou o caso de um influenciador que notou mensagens que se assemelhavam a uma possível brincadeira de internet nos vídeos de sua filha pequena. Na verdade, se tratava de termos usados por pedófilos para atrair outros criminosos para a publicação.

 

Um registro feito pela ONG SaferNet em 2023 observou um recorde histórico de denúncias de imagens de abuso e exploração sexual infantil na internet, totalizando 71.867 novas denúncias. Na ocasião da divulgação dos dados, o fundador da organização, Thiago Tavares, alertou para três fatores determinantes para esse aumento:

1) a introdução da inteligência artificial generativa para a criação desse tipo de conteúdo;

2) a proliferação da venda de packs com imagens de nudez e sexo auto-geradas por adolescentes;

3) demissões em massa anunciadas pelas big techs, que atingiram as equipes de segurança, integridade e moderação de conteúdo de algumas plataformas.

 

Com tantos dados assustadores, o que podemos fazer para proteger nossas crianças dos riscos das redes sociais?

 

REDES DE PROTEÇÃO

 

Diante deste cenário, é essencial a atuação conjunta do governo, sociedade civil, influenciadores digitais, plataformas de redes sociais, pais e responsáveis na busca por soluções que enfrentem o desafio de proteger crianças e adolescentes na internet. Juntos, formamos significativas e eficazes redes de proteção.

 

Em 2024, o Brasil teve um importante avanço na proteção de crianças e adolescentes no ambiente digital, com a aprovação da Resolução 245 no Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda). A resolução posiciona o bem-estar no centro da discussão e determina a criação de uma política nacional para o tema.

 

Em nossas casas e famílias também podemos pensar em algumas saídas para enfrentar o problema. A primeira dica é sempre monitorar as redes sociais e aplicativos de jogos e mensagens onde as crianças estão sendo expostas ou que estão acessando. Não publique fotos da criança sem roupa, exposta ou em situação de vulnerabilidade e opte sempre que possível por colocar acessórios como óculos e chapéu para evitar a manipulação da imagem original. Caso queira publicar fotos e vídeos da criança, opte por fazer isso em um perfil fechado, sem acesso a pessoas de fora do seu convívio e rede de confiança. Ainda assim, tenha cuidado com o tipo de conteúdo que será compartilhado.

 

Há uma série de materiais que podem ser utilizados para falar sobre segurança digital com crianças, além de cartilhas com orientações para pais, educadores, formuladores de políticas e indústria. Em 2023, o Ministério da Justiça e Segurança Pública lançou o De Boa Na Rede, um portal com orientações para a proteção de crianças e adolescentes em ambientes virtuais. No mesmo ano, a Anatel publicou o “Online com Sango”, um livro de atividades para os pais realizarem com filhos de até 9 anos.

 

O portal Lunetas, braço jornalístico do Instituto Alana, fez uma lista com seis livros para conversar com as crianças sobre o uso de tecnologia. Uma das principais especialistas em educação midiática no país, a escritora Januária Cristina Alves, tem uma série de livros sobre o tema, como a obra “Navegando em mares conhecidos – Como usar a internet a seu favor”. Uma rede de proteção vigilante, bem informada e preparada pode fazer a diferença.

Por Metrópoles

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