Montanhista mineiro dado como morto tentou rota mais bonita, diz amigo
Equipes de busca acreditam que Marcelo Motta Delvaux morreu ao cair de uma greta profunda durante escalada; ele não seguia rota convencional
O mineiro Marcelo Motta Delvaux, considerado por conhecidos como um dos melhores montanhistas do Brasil, foi dado como morto neste domingo (7/7) após buscas realizadas pela polícia peruana e por uma equipe particular. Ele desapareceu no Nevado Coropuna, a quarta montanha mais alta do Peru, no dia 30 de junho, e acredita-se que ele tenha morrido ao cair em uma greta profunda.
Pedro Hauck, amigo de Marcelo, conta que recebeu o link para o mapa do trajeto do montanhista poucos dias após o desaparecimento e observou que ele seguia por uma rota não convencional da montanha.
“Ele estava tentando uma rota pela face sudoeste da montanha, mais técnica e mais bonita do que a normal. Bem a cara do Marcelo, que não segue caminhos normais e que procura fazer os seus próprios, evitando lugares famosos”, escreveu ele em um blog.
Ainda de acordo com Hauck, Marcelo teria montado um acampamento onde permaneceu entre os dias 25 e 30 de junho. Neste último dia, ele teria partido em direção ao cume do Nevado Coropuna, chegando por volta das 15h.
Meia hora depois, ele começou a descer e, cerca de 100 metros abaixo do cume, seu GPS parou e começou a marcar pontos bem próximos um do outro, “fazendo um emaranhado típico de quando você perde precisão do sinal”, explica Pedro.
O montanhista não enviou mensagem nem apertou o botão de socorro, mas ainda assim havia esperança. “E se o Marcelo tivesse deixado o GPS cair e ele tivesse rolado para dentro de uma greta? Isso poderia explicar o fato de ele não ter entrado em contato com ninguém”, escreveu o amigo.
A polícia peruana foi acionada e a família de Marcelo contratou uma equipe particular para fazer a busca na parte alta da montanha. Na sexta-feira (5/7), chegaram à base do Coropuna e alcançaram o acampamento de Delvaux. Descansaram por lá e, no sábado (6/7), a equipe chegou até o ponto indicado pelo GPS de Marcelo.
Segundo Andrezza Coutinho, amiga de Marcelo, as equipes de buscas encontraram a barraca e equipamentos do montanhista na base da montanha e pegadas em direção a uma greta, onde acredita-se que ele tenha caído.
Bastões de Marcelo estavam próximos à greta em que ele caiu
“As equipes não conseguiram visualizar o corpo no fundo da greta devido à profundidade. Nesse caso, a polícia deverá ser a responsável posteriormente pela tentativa de resgatar o corpo”, conta ela.
A poucos metros da greta, estavam fincados os bastões de Marcelo. “Talvez na subida, ele tenha usado eles para sinalizar o melhor lugar para atravessar, mas na descida acabou perdendo sustentação e nosso amigo desapareceu em seu interior frio e escuro”, escreveu Pedro Hauck.
Fonte: Correio Braziliense